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Ando a fazer uma pequena pausa de publicar coisas pela net mas hoje terminei de ler um livro que só há duas semanas soube que existia. É datado de 2000 mas parece que só o traduziram de francês para português em 2005, no mesmo ano que saía o filme adaptado deste. E até aqui não há problema em não saber que não existia um livro, se o filme não fosse o meu favorito!

Dava eu uma vista de olhos por uma pequena livraria no metro do Cais do Sodré quando este livro se destacava de tantos outros e esqueço o que quer que esteja à volta e tenha estado interessada anteriormente, isto porque, a capa do livro é igual à capa do filme.

O livro chama-se E se fosse verdade... e é de um escritor francês chamado Mark Levy. O filme chama-se Just like heaven, ou em português, Enquanto estiveres aí... e é uma comédia romântica tão fofinha que eu adoro e já vi dezenas de vezes. Os actores principais são a Reese Whiterspoon e o Mark Ruffalo.

O filme tem parecenças com o livro mas não é assim tão igual, de facto, tem mesmo muitas alterações na história mas há ali ainda uma boa parte no filme. Gostei muito do livro mas continuo a preferir o filme porque vê-se muito bem e é muito engraçado e, como já referi, para mim a melhor descrição, é fofinho!

Just like heaven

Ora, o que pretendia com este post era citar um pequeno... grande, excerto que não estava à espera e que adorei enquanto o lia.

(...) ela decidiu-se a contar uma história, um jogo para o distrair, disse ela. Pediu-lhe que imaginasse ter ganho um concurso cujo prémio seria o seguinte: todas as manhãs um banco abrir-lhe-ia uma conta com um crédito de 86 400 dólares. Mas como todos os jogos têm as suas regras, este teria duas:

- A primeira regra consiste em: tudo o que tu não gastares durante o dia te será retirado à noite, não podes fazer batota, não podes transferir esse dinheiro para outra conta, só o podes gastar, e a cada manhã, ao acordares, o banco volta a abrir-te uma nova conta de 86 400 dólares para aquele dia.

Segunda regra: o banco poderá interromper este pequeno jogo sem pré-aviso; a qualquer momento, poderá dizer-te que acabou, que fecha a conta e que não haverá mais. O que é que tu farias?

Ele não estava a compreender bem.
- É simples, é um jogo, todas as manhãs ao acordar dão-te 86 400 dólares, tendo tu por único constrangimento a obrigação de os gastares durante o dia, sendo o saldo não utilizado retirado quando te vais deitar, mas esse dom do céu ou esse jogo poderá acabar a qualquer momento, estás a perceber? Então, a pergunta é: que farias tu se tal benesse te fosse concedida? Ele respondeu espontaneamente que gastaria cada dólar a fazer coisas de que gostava e a oferecer prendas às pessoas mais próximas. Tentaria utilizar cada quarter (1 franco francês, aproximadamente) oferecido por esse para trazer felicidade à sua vida e à daqueles que o rodeavam. - Até mesmo à vida dos que não conheço, aliás, porque não creio que pudesse gastar apenas comigo e com as pessoas que me são chegadas 86 400 dólares por dia, mas onde é que queres tu chegar? - Ela respondeu:
- Este banco mágico todos o temos, é o tempo! A cornucópia dos segundos que se vão desfiando!

Cada manhã, ao acordar, somos creditados com 86 400 segundos de vida, e quando adormecemos à noite não há transferência dos que sobraram para o dia seguinte, o que não foi vivido durante o dia fica perdido, ontem acabou de passar. Cada manhã, essa magia recomeça, somos de novos creditados com 86 400 segundos de vida, e jogamos com essa regra incontornável: o banco pode fechar a nossa conta seja a que momento for, sem nenhum pré-aviso; a qualquer momento, a vida pode parar. Então, que fazemos nós dos nossos 86 400 segundos quotidianos? - Não serão os segundos de vida mais importantes do que dólares? Desde o acidente, Lauren tinha percepção de como eram poucas as pessoas que tinham consciência de como o tempo deve ser contado e apreciado. Explicou-lhe as conclusões da sua história: - Queres compreender o que é um ano de vida: faz a pergunta a um estudante que acaba de chumbar no seu exame de final de ano. Um mês de vida: fala nisso a uma mãe que acaba de dar à luz uma criança prematura e que está à espera que ela saia da incubadora para poder apertá-la nos braços, sã e salva. Uma semana: interroga um homem que trabalha numa fábrica ou numa mina para alimentar a família. Um dia: pergunta a dois apaixonados ansiosos à espera de se reencontrarem. Uma hora: questiona um claustrofóbico encurralado num elevador avariado. Um segundo: observa a expressão de um homem que acaba de escapar a um desastre de automóvel. E, por fim, um milésimo de segundo: pergunta ao atleta que acaba de ganhar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos, em vez da medalha de ouro para a qual tinha treinado durante toda a sua carreira. A vida é mágica, Arthur, e falo-te disso com conhecimento de causa, porque desde o eu acidente saboreio o valor de cada instante.

Mark Levy, E se fosse verdade...

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